Caros amigos leitores
Vocês devem ter notado que foi aberto espaço para os revisores independentes apresentarem seus trabalhos no Pé_da_Letra. Esse espaço é tão democrático quanto é possível ser. Porém não tenho como controlar o teor, conteúdo e a maneira como essas revisões são feitas e, nem quero.
Meu trabalho aqui é feito de boa fé.Quero confiar nas pessoas e crer que todo mundo também tem boa fé, que trabalha com a mesma lisura e respeito aos outros como eu tento empregar em tudo o que faço.
Minha tendência sempre é confiar nas pessoas. Quero crer que todo mundo é de confiança, integro e honesto, pelo menos até que elas demonstrem o contrário.
Então afirmo, sinceramente, que confio nas pessoas que vem colaborando de alguma forma conosco. E continuarei a confiar em todo mundo, até que elas provem não serem merecedoras de confiança.
Ao verem essas palavras sobre trabalho honesto, lisura e respeito ao próximo, vocês devem se perguntar: mas como ela pode afirmar tal coisa de cara limpa, já que ela pertence a grupos que digitalizam livros e divulgam na internet, sem autorização de autores, editores etc. e ainda tem um grupo e um blog para divulgar livros em língua estrangeira passados em tradução mecânica, tudo isso sem pagar os devidos royalties a quem de direito? Isso tudo não é desonesto, ilícito e imoral?
Bem eu nunca pensei ter que justificar meus atos, porque não gosto de revelar em publico a posição politica que assumi na vida, só fazendo isso quando pressionada, como agora. Eu sou mais uma mulher de ação do que de palavras, a menos que as palavras sejam uma forma de ação.
E quando falo em politica, não estou falando em filiação partidária. Falo em atuação politica como forma de cidadania. Na vontade que eu tenho de mudar o rumo das coisas.
Eu sou cria dos anos 70.Vivi minha infância e parte da adolescência em período de repressão e ditadura militar no País. Quem nasceu depois de 1980 ou era criança demais para entender isso, não faz idéia do que é viver num Pais sem democracia.
É horrível você não ter liberdade de expressão, liberdade de escolha e ter pessoas que reprimem qualquer manifestação intelectual escolhendo no que você deve acreditar ou não, mandando você ler isto e não aquilo. Acho imperdoável que os livros, quaisquer livros, que deveriam ser liberados para todo mundo sem exceção sejam proibidos, banidos, queimados em praças públicas, colocados em listas negras etc.
Livro representa conjunto de idéias e idéias diferentes que podem mudar seu modo de pensar ou não. Não é nem questão de discutir a qualidade do texto literário ou do livro em si. É puramente liberdade de escolha do que ler e como ler.
O pior de tudo é a repressão é o tolhimento da sua liberdade de escolha do que ler. Isso sinceramente eu não perdôo.
Não importa a forma como essa liberdade é tolhida: se é porque um livro é caro demais e só quem tem grana pode ler porque tem como pagar por ele; porque ele tem proteção DRM e você não consegue lê-lo se não for no leitor eletrônico da marca vendida pelo vendedor do livro que você comprou, ou porque os editores só pensam em ganhar dinheiro e publicam apenas os livros que são vendáveis por aqui etc.
Aliás já me fizeram essa mesma pergunta num daqueles cursos motivacionais que participei por força do meu trabalho: como você pode afirmar que nunca infringiu a lei se baixou conteúdo ilegal na internet como livros, musica e jogos?
Minha pronta resposta foi: DESOBEDIÊNCIA CIVIL!
"Desobediência civil é uma forma de protesto a um poder político (seja o Estado ou não), geralmente visto como opressor pelos desobedientes. É um conceito formulado originalmente por Henry David Thoreau e aplicado com sucesso por Mahatma Gandhi no processo de independência da Índia e do Paquistão."
A Desobediência Civil, de acordo com alguns teóricos juristas brasileiros e estrangeiros, como Maria Garcia, Machado Paupério e Nelson Nery da Costa, é uma das formas de expressão do Direito de Resistência, sendo esta uma espécie de Direito de Exceção que, embora tenha cunho jurídico, não necessita de leis para garanti-lo, uma vez que se trata de um meio de garantir outros direitos básicos. Ele tem lugar quando as instituições públicas não estão cumprindo seu fiel papel e quando não existem outros remédios legais possíveis que garantam o exercício de direitos naturais, como a vida, a liberdade e a integridade física.
Além da Desobediência Civil, também são exemplos de resistência o Direto de Greve (para proteger os direitos homogêneo trabalhadores) e o Direito de Revolução (para resguardar o direito do povo exercer a sua soberania quando esta é ofendida).
(fonte: Wikipedia)
Conforme essa definição simplista da Wikipédia acima transcrita, não considero meus atos desonestos, ilícitos ou imorais ao fazer isso que nós fazemos nos grupos de leitura. O que praticamos aqui é uma espécie de resistência pacifica, que não gera lucros ou vantagens pessoais, pelo menos da minha parte e das pessoas que diretamente estão comigo nesta jornada. A nossa maneira, lutamos por mais liberdade. Liberdade de escolha do que ler e de como ler. Também liberdade de pensar.
Por essa razão não temo o ataque de editoras e empresas que comercializam livros e leitores eletrônicos, porque eu acho que quem estão erradas nessa história são elas. Elas se tornaram os vilões em plena era de conquista democrática e de liberdades individuais e coletivas.
São elas que tolhem a nossa liberdade de escolha do que e como ler. Eu abomino a atitude mercantilista e repressoras delas e também de todas as pessoas e grupos que assumem atitudes ditatoriais assemelhadas a delas.
Eu tenho muito certeza em minhas convicções por isso dou minha cara a tapa.
Que venham as bruxas, pois "não temerei o mal" (salmo 23, versículo 4)!
Espero que vocês reflitam sobre isso!
Tenham um FELIZ 2012!
Que o ANO NOVO represente a conquista de mais liberdade! Da verdadeira liberdade!
Nota sobre a gravura deste Post: Baba Yaga por Viktor Vasnetsov . Baba Yaga é uma bruxa presente no folclore russo e eslavo. Baba quer dizer avó. Ela voa num pilão, rouba e come criancinhas (literalmente).
